segunda-feira, 10 de junho de 2013

Problemas matemáticos sem problemas

Entender o que dizem os enunciados é o primeiro passo para decifrar enigmas matemáticos. Percorra as características do gênero para resolver as operações propostas

"Meus alunos não sabem interpretar o que os problemas pedem" é uma reclamação recorrente entre os professores de Matemática. A explicação também está na ponta da língua: a garotada não consegue relacionar o que está escrito em palavras com as operações matemáticas necessárias para solucionar a proposta. O que permanece um mistério para muita gente é como mudar esse quadro. "Enquanto os estudantes não atingem certo nível de proficiência em leitura, não compreendem adequadamente enunciados de problemas, principalmente dos mais complexos", afirma Daniela Padovan, mestre em Didática da Matemática e coordenadora pedagógica da rede municipal de ensino de São Paulo. Além de enunciados e exercícios, gráficos e tabelas precisam ser analisados e discutidos para que sejam mais bem entendidos. 

Claro que a disciplina tem uma linguagem própria, com números e sinais. Mas, sem o aporte da leitura e da escrita, a apropriação dos códigos específicos é pobre - no pior dos casos, mecânica e sem sentido. Assim, ler em Matemática envolve usar o ponto de vista matemático para compreender textos em diversos gêneros (leia o quadro abaixo). 

Como em outras disciplinas, é importante sondar o conhecimento prévio da turma sobre o tema que será discutido, antecipando a ideia principal e a formulação das primeiras hipóteses. Seguindo essa perspectiva, Edson do Carmo, professor da EMEF Sérgio Milliet, na capital paulista, sugeriu que as turmas de 6ª e 7ª séries trabalhassem com um texto sobre a história da Matemática. "Ao associar o título Números Primos à imagem de uma pessoa de vestes gregas, os alunos sacaram: ‘Esse povo criou os números primos’ antes de saber o que eles eram", testemunha o professor. O mesmo raciocínio vale para reportagens de jornais e revistas: explore destaques como títulos, subtítulos, fotos, legendas e gráficos, deixando que a garotada relate o que imagina que virá a seguir. 
O mesmo vale para a análise de tabelas e de gráficos. Julio Cesar Juns Gonçalves, professor da EMEF Marechal Deodoro da Fonseca, na capital paulista, começa o trabalho com uma sondagem preliminar: "Levanto perguntas como ‘que informações estão contidas ali?’ e ‘que relações os gráficos e as tabelas estabelecem com a reportagem que acompanham?’". Nessa etapa de entendimento, os aspectos técnicos também devem ser debatidos: que grandezas estão representadas nos eixos horizontal e vertical? Qual o tipo de gráfico e por que ele foi escolhido? Que dados estão representados nas legendas?

Enunciados decifrados
No Colégio Estadual Adaile Maria Leite, a turma do 6º ano debate e destaca os dados principais e explica o raciocínio da resolução


De que forma os noivos decidiram pagar a compra? 
Em 10 prestações. 

E o que significa isso? 
Quer dizer que vão dividir 760 em parcelas iguais.


NO INÍCIO... 
Destacar os dados numéricos e as palavras que podem mostrar a relação entre os números é a primeira etapa da resolução 


...E NO FIM Além de usar cálculos e fórmulas, falar com as próprias palavras sobre os caminhos para a solução ajuda cada um a entender o que faz


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